domingo, 20 de setembro de 2015
domingo, 13 de setembro de 2015
segunda-feira, 7 de setembro de 2015
Apenas sincronicidade
Um conceito importante na teoria junguiana é a
sincronicidade. Quando atendemos em psicoterapia nessa abordagem, ficamos
atentos as sincronicidades que ocorrem durante o trabalho. A sincronicidade é
um fator abstrato e irrepresentável, por isso é difícil compreender este tema,
porque temos primeiro que desconstruir alguns conceitos impregnados no nosso
pensar ocidental. Por exemplo, temos que entender que todas as coisas são uma
só, ou seja, como unidade e multiplicidade. E também aceitar que temos um olhar
equivocado sobre o tempo, pois o temos como linear, mas a física quântica está
aí para dizer que não é bem assim... e
claro que Jung para escrever sobre um
tema desse, recorreu a ela, além da astrologia, Schopenhauer, Rhine, filosofia
oriental, entre outros. Na parte consciente de nossa psique, apreendemos o
tempo linear (começo, meio e fim), mas estamos falando aqui do inconsciente,
que é atemporal (tudo, ao mesmo tempo, agora). Por isso o inconsciente pode
captar fatos anteriormente à consciência. E temos um inconsciente, chamado
coletivo, que conecta todos os seres humanos, através de símbolos arquetípicos.
Para algumas pessoas, o termo sincronicidade pode ser entendido como “coincidências”,
porém, é mais complexo que isso, pois tem relação com simultaneidade e tempo.
São linhas que se cruzam formando uma só. São fatos distintos que não tem
relação causal, mas sim de significado. Para nós, os detalhes são importantes
em si mesmos; para a mente oriental, os detalhes juntos é que formam sempre o
quadro global. “A sincronicidade,
portanto, significa, em primeiro lugar, a simultaneidade de um estado psíquico
com um ou vários acontecimentos que aparecem como paralelos significativos de
um estado subjetivo momentâneo e, em certas circunstâncias, também vice-versa.”
(Jung, parag.850). Como, entre os anos de 1913 e 1914, Jung tinha sonhos repetitivos
com rios de sangue banhando a Europa. Era uma mensagem do inconsciente sobre a violência
e a matança coletivas que estavam para acontecer com a eclosão da primeira
guerra mundial. Durante meu trabalho, sempre noto que alguns pacientes falam do
mesmo tema que estou estudando na semana, ou de algum filme que vi um dia
antes, sendo que este não é lançamento. Certa vez, sonhei com a profissão de um
paciente desconhecido na noite anterior que iria atendê-lo pela primeira vez. Sobrenatural? Não, apenas sincronicidade.
Referência: JUNG, C. G. “Sincronicidade”. Ed. Vozes, 12 ed. Petrópolis, 2004
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