sexta-feira, 2 de maio de 2014
SOMENTE O QUE É IRREAL
Somente o que é irreal devia interessar-nos,
o que não tem poder de conformar o dia:
o que não tem contorno e cor na luz vazia –
e existe apenas no indeciso, a dissipar-nos.
Somente o que não vem do sol que nos esfria,
que, exato, nos impõe seu jugo, a dispersar-nos,
devia – na intenção – ter o dom de elevar-nos
àquele céu que não existe, mas nos guia.
O que não tem sabor de ser na claridade
e à noite nos assalta, entre as sombras que vêm
brincar ao nosso lado – ermas de imensidade:
o que na confusão do dia é só desdém,
só pensamento que se gasta e que se evade,
como uma porta que se fecha e nos retém.
(Renato Suttana)
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