
Falando em gatos, você sempre esteve rodeada por eles. Como é a
sua relação com os gatos?
Nise - Eu gosto muito de todos os animais. Admiro muito o cão. Me
sinto humilhada diante do cão. Respeito o cão, porque o cão tem uma qualidade
que eu acho belicismo e da qual eu me sinto distante, que é a infinita
capacidade de perdoar. Dê um passo que se dê ele é fiel. Nunca se ouviu contar
que um cão fizesse um "treta" com seu dono, ou que fosse infiel, que
traísse sobre qualquer forma o seu dono. Eu tinha cães em Maceió, porque morava
numa casa grande. Com relação aos gatos, de tanto vê-los na rua desamparados,
eu ia apanhando e trazendo prá casa. Chequei a ter 23 gatos. O gato não tem
essa capacidade de perdoar, como eu não tenho. Eles são muito especiais. No
Hospital, introduzi os animais como ajuda para os doentes. Como co-terapêutas.
Um analista americano, de quem eu tenho um livro costumava trabalhar com um cão
no consultório. Como aliás Freud trabalhava com um cão no consultório; Jung
trabalhava com um cão no consultório. Marie Lenize Von Franz, com quem eu fiz
análise, trabalhava com um cão no consultório. Aqui o cão não entra nos
lugares.
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