sábado, 3 de março de 2018

Jung

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"Sou eu próprio uma questão colocada ao mundo e devo fornecer minha resposta; caso contrário, estarei reduzido à resposta que o mundo me der." (C.G.Jung)

terça-feira, 19 de julho de 2016

Hieronymus Bosch

           
Segundo Jung, ''sonhos são realizações de desejos ocultos e são ferramenta que busca equilíbrio pela compensação. É o meio de comunicação do inconsciente com o consciente. A criação de algo novo é consumado pelo intelecto, mas despertado pelo instinto de uma necessidade pessoal. A mente criativa age sobre algo que ela ama.'' Então podemos supor que Bosch concretizou em suas obras sua mente criativa, colocou seu amor na pintura e conseguiu trazer à tona imagens submersas que representam o momento que vivia. Pouco sabe-se sobre esse artista medieval, que tem traços de arte fantástica e surrealismo (mesmo ainda não existindo essas classificações quando Bosch pintava), mas é válido fazer pesquisas sobre sua obra tão maravilhosa em elementos simbólicos e sonhar através delas!  

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Amar, verbo intransitivo



Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te deu uma rasteira e a
outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas e enxugá-las com ternura,
que coisa maravilhosa: você poderá contar com ela em qualquer momento de sua vida ...

(Carlos Drummond de Andrade)

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Mãe Natureza


"Me leva as profundezas das minhas emoções
Para eu ver com clareza inconscientes negações
Que me deixam dormindo em distorcido prazer"

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

sábado, 21 de novembro de 2015

Tratamento com psicologia analítica

"A terapia não é uma cura, pois não consideramos o paciente um doente, ele apenas não teve acesso às suas potencialidades, e essas não sendo reconhecidas, podem influenciar negativamente sua vida cotidiana"



por Leniza Castello Branco
Bem... não é o que o analista acha ou sua filosofia de vida que deve ser passada ao cliente, nem mesmo o que ele considera certo ou normal.

Jung acreditava que a psique (mente) tem potencial para a cura, e que seguindo o inconsciente através dos sonhos, símbolos, criações artísticas teríamos o caminho para a cura.

Por isso, o terapeuta deve ter o máximo de conhecimento não só de psicologia mas de literatura, artes, música, mitologia, religiões. Esse conhecimento geral vai ajudá-lo a entender melhor os símbolos e a psique de seu paciente.

Para isso ele pode usar várias técnicas que ajudarão no processo de tornar conteúdos desconhecidos conscientes.

Exemplos dessas técnicas são: imaginação ativa, interpretação de sonhos, fantoches, caixa de areia, pintura, expressão corporal e muito mais. No desenvolvimento desta coluna em textos posteriores explicarei cada uma delas.

Quem procura terapia geralmente atribui seus problemas, neuroses e infelicidade aos acasos da vida ou ao próximo - quanto mais próximo, melhor.

É função do terapeuta auxiliar a pessoa a reconhecer sua responsabilidade nos problemas que enfrenta. Para isso ele aponta a trave no olho, ao invés de ver o cisco no olho do vizinho.

O processo terapêutico auxilia a pessoa a entrar em contato consigo mesma, para desenvolver seu potencial criativo.

Não precisamos ficar doentes ou com problemas para procurarmos terapia. Ao contrário, deveríamos iniciá-la quando estamos bem, para termos mais força e reagirmos com mais equilíbrio frente aos problemas que temos de enfrentar.

A terapia não é uma cura, pois não consideramos o paciente um doente, ele apenas não teve acesso às suas potencialidades, e essas não sendo reconhecidas, podem influenciar negativamente sua vida cotidiana.

A terapia de abordagem junguiana tem como foco principal ligar aspectos inconscientes da personalidade ao ser consciente. Alcançando essa meta, seremos transformados através do processo que Jung chamou de “individuação”, unificando a personalidade e tornando-se consciente como individuo único e integro no mundo.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

No final de ano...



Em tempos de luta por direitos mínimos, como água, alimentos e acesso à saúde, somos engolidos por uma metralhadora de propagandas para o consumo. Sim, o Natal se aproxima, e com ele a ditadura do ser e ter. Você não precisa ter muito para ser feliz, mas é influenciado para que consuma, cada vez mais, sem necessidade,  para que seja criada uma falsa ilusão de completude no vazio existencial, que assombram a maioria das pessoas. E o precisar ser muitas coisas, se resume nessa exigência contínua de vários papéis e tarefas que "temos" que cumprir, e rápido, para sermos pessoas bem sucedidas. Percebo que de tantas informações, possibilidades e velocidade que hoje se relacionam com as nossas vidas, cresce fortemente o número de casos de adoecimento psíquico. Estamos nos tornando superficiais e frágeis, vide a crescente construção de bares e farmácias nas cidades. Onde estão as crianças que brincavam na rua enquanto os vizinhos batiam papo na calçada? Onde estão os parques e praças que as cidades deveriam ter para melhorar a convivência entre as pessoas e o contato com a natureza? Por que tanta intolerância contra as diferenças? Para que tantos carros blindados, segurança privada, câmeras de segurança, cercas elétricas e sistema de alarmes? Do que tanto temos medo? Da violência? Mas quem gera violência? Será que não somos nós os responsáveis devido ao distanciamento de nós mesmos? Então, nesse Natal, não compre muitas coisas, apenas esteja perto das pessoas que você ama e celebre a vida! E no próximo ano não tente ser muitas coisas, tente ser você mesmo. Encontrar a si e aceitar o que você é, pode ser o primeiro passo para transformarmos nosso planeta em um lugar melhor para todos.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Liberdade!



"o objetivo do homem é libertar-se das ‘amarras’, rasgar o véu da ignorância e libertar a alma das correntes da existência” (ELIADE, 1991)

domingo, 8 de novembro de 2015

Bebê



"O bebê não é um papel em branco para ser escrito. Ele vem com uma história, com dramas profundos e neuroses". (C.G. Jung)

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Alice no país das maravilhas...

Alice: Chapeleiro, você me acha louca?
Chapeleiro: Louca, louquinha ! Mas vou te contar um segredo: as melhores pessoas são...
Alice: Quando acordei hoje de manhã, eu sabia quem eu era, mas acho que já mudei muitas vezes desde então.

Humano, demasiado humano

“(...) o homem está muito bem defendido de si mesmo, da espionagem e do assedio que faz a si mesmo, e geralmente não enxerga mais que o seu ante muro. A fortaleza mesma lhe é inacessível e até invisível, a não ser que amigos e inimigos se façam de traidores e o conduzam para dentro de si, por uma via secreta (...)”.

Nietzsche, Friedrich (1878) 



domingo, 1 de novembro de 2015

Mitologia Grega

Mito da origem das estações

Deméter e Perséfone

Deméter era a deusa do trigo e, de um modo geral, de toda a terra cultivada. Senhora dos cereais, não admira que os Romanos lhe tenham chamado Ceres.
Da sua união com Zeus, teve uma filha, Perséfone (Prosérpina, para os Romanos). Era a sua única filha, que cresceu, muito bela e feliz, na companhia das ninfas e de duas meias‑irmãs, as deusas Ártemis e Atena.
Hades, o deus dos infernos, que era irmão de Zeus e, portanto, seu tio, apaixonou-se perdidamente por ela. Um dia, quando a jovem passeava despreocupada pelos prados verdejantes, ao colher uma flor, a terra abriu-se de repente e Hades surgiu para a raptar e levar consigo para o mundo inferior sobre o qual reinava.
Deméter ouviu os gritos de aflição da filha e correu para a ajudar, mas nada pôde fazer. Nem sequer sabia onde ela estava nem quem a tinha levado.
Desesperada, começou a percorrer o mundo de lés-a-lés, em busca da filha, sem comer nem beber, sem se preocupar com o seu aspeto nem tratar de si, sem cuidar de nenhuma das suas tarefas. Acabou por conseguir que o Sol, que tudo vê, lhe revelasse quem fora o raptor da filha. Decidiu então não mais voltar ao Olimpo, a morada dos deuses, e renunciou às suas funções divinas até que a filha lhe fosse devolvida.
A terra foi ficando estéril e os homens com fome, pois as culturas secaram e morreram. Tudo era devastação e abandono. Então Zeus, responsável pela ordem no mundo, preocupado com a calamidade causada por Deméter, ordenou a Hades que devolvesse Perséfone. A jovem, porém, por fome ou instigada por Hades, comera já um bago de romã no mundo das sombras e esse pequeno gesto ligara-a para sempre ao reino do marido.
Teve então de se chegar a uma solução de compromisso e a um acordo: Perséfone passaria metade do ano com a mãe, no Olimpo, e a outra metade com o marido, no mundo dos infernos.
Assim, quando Deméter tem a filha ao pé de si, está feliz e a natureza floresce: é o tempo da primavera e do verão. Mas quando Perséfone tem de regressar para junto de Hades, Deméter mergulha de novo na maior tristeza: começa então o outono, vem depois o inverno e a desolação na natureza. E é essa a causa do ciclo das quatro estações.
Fonte literal: Centro de Estudos Clássicos Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Mãe e Filha

O livro Mean Mothers – Mães Más – coletou histórias de relações tumultuadas de filhas que não foram amadas, porque suas mães não puderam ou quiseram fazê-lo. A seguir os principais sintomas desenvolvidos na filha em idade adulta:
1) Baixa auto-estima                                               

2) Falta de confiança nas outras pessoas
3) Dificuldade de estabelecer limites para si e para os outros, sendo muito difícil dizer “não”
4) Auto-imagem distorcida
5) Mantém comportamento de esquiva, pois há dificuldade em se aprofundar nas relações inter-pessoais
6) Apresenta Hipersensibilidade, que  exagerando nos sentimentos, pode brigar muito, guardar mágoas sem sentido e criar problemas em seus relacionamentos com as pessoas em geral
7) Relacionamentos em espelho, ou seja, namorar ou casar com pessoas com características de personalidade muito parecidas com as da sua mãe.


sábado, 24 de outubro de 2015

Eros e Psique

"Conta a lenda que dormia
uma Princesa encantada
a quem só despertaria
um Infante, que viria
de além do muro da estrada.
Ele tinha que, tentado,
vencer o mal e o bem,
antes que, já libertado,
deixasse o caminho errado
por o que à Princesa vem.
A Princesa Adormecida,
se espera, dormindo espera.
Sonha em morte a sua vida,
e orna-lhe a fronte esquecida,
verde, uma grinalda de hera.
Longe o Infante, esforçado,
sem saber que intuito tem,
rompe o caminho fadado.
Ele dela é ignorado.
Ela para ele é ninguém.
Mas cada um cumpre o Destino –
ela dormindo encantada,
ele buscando-a sem tino
pelo processo divino
que faz existir a estrada.
E, se bem que seja obscuro
tudo pela estrada fora,
e falso, ele vem seguro,
e, vencendo estrada e muro,
chega onde em sono ela mora.
E, inda tonto do que houvera,
à cabeça, em maresia,
ergue a mão, e encontra hera,
e vê que ele mesmo era
a Princesa que dormia."
(Fernando Pessoa)


Ego segundo Jung



"Entendo o ‘Eu’ (Ego) como um complexo de representações que constitui para mim (indivíduo), o centro do meu campo de Consciência e que me parece ter grande continuidade e identidade comigo mesmo. Por isso, falo também do complexo do Eu ou complexo do Ego. O complexo do Eu é tanto conteúdo quanto condição da Consciência, pois um elemento psíquico me é consciente enquanto estiver relacionado com o complexo do Eu. Enquanto o ‘Eu’ for apenas o centro do meu campo consciente, não é idêntico ao todo de minha psique, mas apenas um complexo entre outros complexos. Por isso distingo entre Eu (Ego) e Si-mesmo (Self). O Eu é o sujeito apenas da minha Consciência, mas o Si-mesmo é o sujeito do meu todo, também da psique inconsciente. Dentro dele está o Eu. O Si-mesmo ‘gosta’ de aparecer na fantasia inconsciente de 'personalidade superior' ou 'ideal', assim como, por exemplo, o Fausto de Goethe e o Zaratustra de Nietzsche. Neste sentido, o Si-mesmo seria a grandeza ideal que encerraria personalidade superior ou ideal (...) Por amor à idealidade, os traços arcaicos do Si-mesmo foram apresentados como distintos do Si-mesmo ‘superior’: em Goethe,na forma de Mefisto; em Spitteler na forma de Epimeteu; na psicologia, como o demônio ou o anticristo; em Nietzsche, Zaratustra descobre sua Sombra no ‘mais feio dos homens’." (Tipos Psicológicos, p. 406)

sábado, 10 de outubro de 2015

Cauda Pavonis

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O PROCESSO ALQUÍMICO E A PSICOTERAPIA JUNGUIANA
                                                                 Por: Paulo C. de Souza


A maioria dos escritores dividia a via úmida em quatro estágios e os associava a cores e suas vibrações. Como não podia deixar de ser, os nomes eram em latim: Nigredo (preto), Cauda Pavonis (cauda do pavão ou arco-íris), Albedo (branco) e Rubedo (vermelho). Esses quatro processos ou etapas, se observados de uma maneira global, lembram um pouco as quatro fases da psicoterapia que Jung descreveu: Confissão, Esclarecimento, Educação e Transformação.
Antes de tentarmos ver um por um os processos acima citados, temos de ter em mente que esse processo é cíclico, qual uma ‘espiral ascendente’ e praticamente nunca termina; tanto na alquimia como no processo de individuação de Jung. Ou seja, quando terminamos uma Rubedo voltamos à Nigredo; quando terminamos uma Transformação, voltamos a uma Confissão. É claro que esse retorno nunca é a um ponto inicial do processo e, sim, um pouco mais para dentro e um pouco mais para cima. Funciona como uma longa estrada para alcançar o topo de um morro. A estrada vai contornando o morro de maneira suave e imperceptível, e de repente percebemos que já ultrapassamos as primeiras nuvens. Além disso, nada nos impede, estando numa Albedo, de retornar para a Nigredo; assim com, da Educação, retornar ao Esclarecimento. O importante é sabermos que por mais lento que seja o caminho ele é sempre para diante!
A Nigredo, o negro, já nos sugere a morte, a sombra, o pesado, o denso, o sofrimento. Foi isso que nos disse Jung quando falou da confissão no consultório do psicólogo. Contamos nossa vida, nossos segredos, nossos aborrecimentos, nossos sonhos não alcançados e, na maioria das vezes choramos como um bebê que está com fome e quer mamar ou lhe tiraram o brinquedo predileto. Ou seja, morremos para uma vida que não valia a pena ou que simplesmente passou (valia a pena talvez naquela época, agora já não vale mais). Nessa ocasião ficamos parados, inativos, deprimidos, sem ânimo, introvertidos, quietos e sentimos que algo se ‘dissolve’ em nós. Por mais angustiante que seja o processo, o importante é seguir o que ele recomenda: ficar quieto e adiar tudo o que for possível. Quando estamos jogando nossos ‘conflitos psicológicos’ nos problemas exteriores, ou seja, no mundo em que vivemos; eles se sobrepõem e se confundem, numa mistura homogênea. Podemos usar a metáfora do ‘copo com água e álcool’; você olha para aquela substância branca e não sabe quem é quem. Daí, as decisões nessa fase da vida possuírem uma chance muito grande de dar errado. Devemos identificar os problemas que são nossos e separá-los dos problemas do mundo. Continuando na metáfora do ‘copo’; é preciso colorir a água para poder separá-la com mais facilidade do álcool.
Depois disso é como se o preto ¾ que é a ausência de todas as cores ¾ transformasse no branco ¾ que é a presença de todas as cores. Só que é o branco decomposto em todas as cores por uma espécie de ‘cristal‘ e essa pedra cristalina é muitas vezes o nosso analista, outras vezes um padre, um sacerdote, um velho amigo ou até o travesseiro. É por isso que alguns alquimistas pulam a fase da ‘cauda pavonis’ e vão da Nigredo para a Albedo. Mas como Jung colocou muito bem, após a confissão de seus temores mais profundos, o paciente fica esvaziado e se fixa na figura do psicólogo; esse fenômeno levou o nome complicado de ‘Transferência’ (até a psicologia imita a alquimia em matéria de nomes complicados). Como o nome já sugere, transferimos para a figura do analista as figuras interiores que antes estávamos jogando no pai, na mãe, no irmão, no vizinho, na namorada, no marido etc. Essa transferência precisa ser ‘esclarecida’ e discutida com o paciente para que ele entenda o que está acontecendo em sua alma ainda conturbada, embora já bastante aliviada com o auxílio da confissão. Muitos alquimistas representaram o desmembramento do branco com o desmembramento do corpo humano. Acontece na realidade o desmembramento de nossa psique; mas temos que manter essa dissociação da nossa psique sob o controle do Ego. É para isto que ele possui as características e a função de um ‘complexo gerenciador’. Um gerente de uma grande fábrica não olha diretamente o que cada operário faz, não consegue saber o nome de todos os seus 5.000 funcionários; mas, com uma rápida análise dos seus gráficos de produção ele sabe de tudo que acontece no seu negócio e pode se concentrar no que julga importante no momento.
Após esta etapa, naturalmente vem o branco, a Albedo, a brancura, o clareamento, o entendimento, o conhecimento, uma certa tranqüilidade. É como se todas as cores do arco-íris se fundissem e nos mostrassem a beleza do branco, da paz, do espiritual. Deve ser por isso que se diz que no fim do arco-íris está um pote de ouro. O problema é que nunca encontramos o fim do arco-íris, mas na maioria das vezes o caminhar é o verdadeiro tesouro. Nesse estado de brancura nos educamos e nos inteiramos que existe uma vida nova que pode ser seguida e quando olhamos para trás, o esforço já não parece tão grande. Lembremos que educação é repetição, porque para assimilar alguma coisa precisamos repetir, precisamos tirar todos os véus dos preconceitos, precisamos entender que os problemas estão dentro de nós, precisamos ver que o outro está ali também na sua busca. Precisamos até entender que muitos buscam o mesmo Deus que nós buscamos, só que por caminhos diferentes, mas geralmente, também chegam lá. Corremos um risco de achar que o nosso gerente, o Ego, é o maior gerente do mundo, pois está tocando uma fábrica de grande porte. Cuidado com a estagnação, o equilíbrio é sempre dinâmico e só o conflito nos faz crescer e quando não crescemos, caímos. É mais ou menos como andar de bicicleta, quanto mais rápido mais equilíbrio, o movimento nos mantém em linha reta. Vocês poderiam dizer que algumas pessoas ficam em pé em um bicicleta parada. Mas o lugar deles é no circo e perdem o objetivo da locomoção, que é o objetivo da vida.
Quando estamos nesse processo de uma certa calmaria, as coisas vão entrando nos eixos. Mas é hora, por incrível que pareça, de colocar paixão, fogo, ardor, vermelho, Rubedo. Aí conseguimos transformação ¾ transformar é ser o que já era, sem precisar fazer força para isso. É quando não roubamos o vizinho; não com medo da prisão, mas porque acreditamos que isso não é o correto. É quando não batemos no inimigo; não com medo do revide, mas quando temos compaixão por outro ser humano. Na transformação conseguimos um movimento com um mínimo de atrito. É quando nos aproximamos dos pólos; lá o movimento como um todo é o mesmo, mas, o deslocamento menor. Temos mais consciência de fazermos parte de um mundo, percebemos que somos dependentes de tudo e ao mesmo tempo tudo é impermanente. Só nos resta a essência da alma, algo dentro de nós que não morre nunca. Estes processos nos levam a essência da vida por um caminho relativamente suave. Não deixem de buscá-la, senão a dor pode vir para nos lembrar de tudo isso. Quem já sentiu uma dor muito forte sabe que naquela hora não conseguimos pensar em mais nada, só em acabar com ela. Tentem lembrar de tudo que pensaram na hora da dor, tanto física quanto espiritual e estarão perto do que é a essência.
Podemos imaginar então que o processo está todo concluído... Vamos descansar. Ledo engano, a transformação ocorreu sim, mas em parte do nosso ser. Temos de voltar a Nigredo e a Confissão, temos de passar pelas cores até o branco e, de novo inflados com o esplendor da luz, vamos mais uma vez nos inflamar para chegar às brasas, ao rubro, a Rubedo. Esta é a roda da vida e não pára nunca, nela vamos girar sem parar por muito tempo. Mas posso garantir: quem fizer um primeiro ciclo vai aceitar todo os outros com galhardia, força e abnegação e principalmente com pequenos momentos de felicidade.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Técnica SoulCollage

SoulCollage - dar sentido à sua vida

Por: Anne Bennett 














Imagine uma atividade de arte barata que pode orientá-lo direto para o coração da sua própria verdade. Imagine uma prática que incentiva a inteireza do corpo, mente e espírito, que lhe fornece uma oportunidade para jogar e se aventurar. Imagine uma ferramenta de crescimento pessoal e ao mesmo tempo que lhe dá asas para voar. Agora... imagine realizar tudo isso com materiais mínimos (tesoura, cola, papel, fotos de revistas) e em menos de uma hora!
Esta extraordinária ferramenta para o crescimento pessoal é SoulCollage, uma mistura única de prática terapêutica e do divertimento da arte da colagem. Usando intuição e imaginação, é possível criar colagem com cartões, onde cada um reflete um aspecto diferente de seu Eu original. Os cartões são usados para acessar sua sabedoria interna e profunda, e também para ajudar a responder as perguntas que surgem de sua jornada de vida. SoulCollage usa a forma de arte tradicional da colagem, não sendo necessário ser um artista, o único requisito é a vontade de ir para dentro de si. 

Há quatro naipes de um baralho de SoulCollage:
- O Comitê (as vozes interiores em nossas mentes)
- A Comunidade (a família e amigos que amam e nos apóiam)
- Os companheiros (totens animais que nos emprestam suas energias para a cura e crescimento)
- O Conselho (arquétipos que simbolizam os temas principais da vida para nós).
Cada cartão que você faz, usando a prática de SoulCollage, pertence a um destes fatos.

Cada carta de seu repertório SoulCollage tem um nome e deve respeitar todas as suas vozes individuais: tanto o luminoso e claro, como o escuro e o sombrio, porque é somente aceitando todas as facetas de nós mesmos, poderemos alcançar a nossa totalidade psíquica.

O processo de SoulCollage mudou minha vida de várias maneiras. Acho que agora estou mais em contato com todas as vozes dentro de mim, e isto tem me oferecido uma liberdade que é muito preciosa. Porque dei imagem para as vozes mais escuras dentro de mim (aquela que está com raiva, aquela que se sente como ela não é suficiente, aquela que é focada em sobrecarga, aquela que critica tudo o que eu faço), eu fui capaz de integrá-las em minha personalidade com mais fluidez e aceitação.

Esta assimilação saudável significa que me sinto mais inteira e completa do que nunca. E esta totalidade levou a algumas mudanças notáveis na minha vida interior e exterior: eu fui capaz de deixar um emprego que eu tinha há dez anos, porque finalmente vi que já não me servia mais, eu estou mais confiante na minha capacidade de dar-me o que eu preciso, eu estou mais em contato com os meus sonhos e agora posso ver o que preciso fazer para torná-los realidade, e eu tenho sido capaz de lidar com minha recuperação de uma doença grave (câncer de mama), de uma forma profunda que tem mostrado minha fé e a capacidade para superar meus medos de um outro diagnóstico.

Você pode fazer um cartão de SoulCollage intencionalmente, onde você identifica uma voz interior, ou um animal companheiro ou um membro de sua comunidade e procura encontrar as imagens para esse cartão, concentrando-se apenas nele.

Geralmente, no entanto, os cartões são feitos intuitivamente. Às vezes você vai fazer um cartão de SoulCollage e não saber o que ele significa. Esta é uma parte do processo, e a melhor coisa que pode fazer é confiar no processo.

Depois de fazer um cartão, é hora de descobrir o que tem a dizer para você. Você pode fazer isso sozinho através de um exercício, fazendo as três perguntas e, em seguida, escrever as respostas ou gravá-las, são elas:

-Quem é você?
-O que você tem para me dar?
-O que você quer de mim?

Se você não está confortável com a escrita, ou não pode gravar as respostas, este exercício pode ser feito verbalmente com um parceiro, sendo que ele lhe faz as perguntas e anota as respostas.

Aqui está um exemplo de como o ato simples e divertido de fazer um cartão de colagem como este, pode levá-lo no mais profundo da sua própria sabedoria interior. O primeiro cartão de SoulCollage que fiz, tinha como sua imagem central, uma menina em um vestido branco com babados, sendo arrastado em algum lugar por uma mulher mais velha em um vestido escuro monótono. Fiquei intrigada com esta imagem (a partir de uma propaganda), mas eu não tinha idéia o que poderia significar. Eu confiei no processo e recortei a imagem cuidadosamente, em seguida, coloquei contra vários fundos até que encontrei uma que parecia corresponder a sua intensidade: um close de um avião perto de uma ponte pênsil. As planícies cruzadas e fios da ponte perto do avião sinalizou para mim a encruzilhada de momentos, de confusão e caos. Ahhh... Seu significado já estava começando a fazer sentido na minha mente.

Então eu fiz o exercício em voz alta com um parceiro. Nós dois olhamos com reverência para o cartão que eu tinha criado.

- "Quem é você?", perguntou meu parceiro.

Eu usei minha imaginação para inserir a imagem e falei minhas respostas, como se eu fosse a menina. Eu poderia ter respondido nas palavras da mulher mais velha, mas eu confiei na minha intuição, que me disse que eu era a menina que tinha algo para me dizer.

- "Eu sou aquela que se sente puxada em duas direções, respondi.

Meu parceiro escreveu em baixo tudo o que eu disse.

- "Eu sou aquela que é bonita. Eu sou o única que não gosta de usar vestidos".

Eu fiquei parada, esperando as palavras certas virem até mim. Deixei alguns segundos entre minhas respostas.

- "Eu sou aquela que não quer ir onde esta mulher está me levando... Eu sou aquela que está se afastando de onde ela deveria estar, porque eu não quero ir."

"O que você tem para me dar?", meu parceiro perguntou suavemente.

"O que você tem para me dar?" Eu perguntei a menina no meu cartão. Eu parei e  esperei, imaginando o que ela dizia para mim em resposta a esta pergunta.

- "Dou-lhe..."

- "O que você quer de mim?" Eu ouvi meu parceiro dizer em seguida.

- "O que você quer de mim?" Eu disse para a imagem da menina, imaginando sua resposta.

- "Eu quero que você perceba que não tem que ir para qualquer lugar que não tem vontade. Eu quero que você pare por um minuto de girar ao redor dos outros e ouvir apenas eles, indo em várias direções. Eu quero que você veja que a mulher que está arrastando-me, não está segurando tudo o que é bom. Eu quero que você perceba que você tem escolha."

Este exercício levou apenas alguns minutos, mas quando acabou, havia lágrimas alegres de entrega e compreensão nos meus olhos. Fazendo este cartão e, em seguida, dialogando com ele, eu tinha dado voz à parte de mim que era saudade, e deveria me afastar de um trabalho que tinha uma vez servido minhas necessidades, mas agora estava me segurando. Já havia tido conhecimento desta voz interna, mas apenas vagamente.

O processo de SoulCollage tinha me dado as ferramentas que eu precisava para entrar em contato com essa parte de mim e, assim, poder ser capaz de fazer mudanças na minha vida, pois somente com a confiança em mim mesma poderia ter espaço para crescer, criando as raízes com a terra e as asas com que meu espírito pudesse voar.

domingo, 13 de setembro de 2015

"Como um rio que corre para o mar
Correntezas carregam o medo
Confiança para atravessar
A fronteira do eu derradeiro"
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segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Vamos ao museu? Museu de Imagens do inconsciente


Como desenhar mandala


Apenas sincronicidade

Um conceito importante na teoria junguiana é a sincronicidade. Quando atendemos em psicoterapia nessa abordagem, ficamos atentos as sincronicidades que ocorrem durante o trabalho. A sincronicidade é um fator abstrato e irrepresentável, por isso é difícil compreender este tema, porque temos primeiro que desconstruir alguns conceitos impregnados no nosso pensar ocidental. Por exemplo, temos que entender que todas as coisas são uma só, ou seja, como unidade e multiplicidade. E também aceitar que temos um olhar equivocado sobre o tempo, pois o temos como linear, mas a física quântica está aí para dizer que não é bem assim...  e claro que Jung  para escrever sobre um tema desse, recorreu a ela, além da astrologia, Schopenhauer, Rhine, filosofia oriental, entre outros. Na parte consciente de nossa psique, apreendemos o tempo linear (começo, meio e fim), mas estamos falando aqui do inconsciente, que é atemporal (tudo, ao mesmo tempo, agora). Por isso o inconsciente pode captar fatos anteriormente à consciência. E temos um inconsciente, chamado coletivo, que conecta todos os seres humanos, através de símbolos arquetípicos. Para algumas pessoas, o termo sincronicidade pode ser entendido como “coincidências”, porém, é mais complexo que isso, pois tem relação com simultaneidade e tempo. São linhas que se cruzam formando uma só. São fatos distintos que não tem relação causal, mas sim de significado. Para nós, os detalhes são importantes em si mesmos; para a mente oriental, os detalhes juntos é que formam sempre o quadro global.  “A sincronicidade, portanto, significa, em primeiro lugar, a simultaneidade de um estado psíquico com um ou vários acontecimentos que aparecem como paralelos significativos de um estado subjetivo momentâneo e, em certas circunstâncias, também vice-versa.” (Jung, parag.850). Como, entre os anos de 1913 e 1914, Jung tinha sonhos repetitivos com rios de sangue banhando a Europa. Era uma mensagem do inconsciente sobre a violência e a matança coletivas que estavam para acontecer com a eclosão da primeira guerra mundial. Durante meu trabalho, sempre noto que alguns pacientes falam do mesmo tema que estou estudando na semana, ou de algum filme que vi um dia antes, sendo que este não é lançamento. Certa vez, sonhei com a profissão de um paciente desconhecido na noite anterior que iria atendê-lo pela primeira vez.  Sobrenatural? Não, apenas sincronicidade.

Referência: JUNG, C. G. “Sincronicidade”. Ed. Vozes, 12 ed. Petrópolis, 2004 



quinta-feira, 30 de julho de 2015

Nise e os gatos


Falando em gatos, você sempre esteve rodeada por eles. Como é a sua relação com os gatos?

Nise - Eu gosto muito de todos os animais. Admiro muito o cão. Me sinto humilhada diante do cão. Respeito o cão, porque o cão tem uma qualidade que eu acho belicismo e da qual eu me sinto distante, que é a infinita capacidade de perdoar. Dê um passo que se dê ele é fiel. Nunca se ouviu contar que um cão fizesse um "treta" com seu dono, ou que fosse infiel, que traísse sobre qualquer forma o seu dono. Eu tinha cães em Maceió, porque morava numa casa grande. Com relação aos gatos, de tanto vê-los na rua desamparados, eu ia apanhando e trazendo prá casa. Chequei a ter 23 gatos. O gato não tem essa capacidade de perdoar, como eu não tenho. Eles são muito especiais. No Hospital, introduzi os animais como ajuda para os doentes. Como co-terapêutas. Um analista americano, de quem eu tenho um livro costumava trabalhar com um cão no consultório. Como aliás Freud trabalhava com um cão no consultório; Jung trabalhava com um cão no consultório. Marie Lenize Von Franz, com quem eu fiz análise, trabalhava com um cão no consultório. Aqui o cão não entra nos lugares.

Nise e Jung

Nise foi a divulgadora da Psicologia Analítica no Brasil, tendo começado a se corresponder com Jung em 1954, a partir de seu interesse pelas mandalas, que eram frequentemente produzidas pelos seus pacientes.
A partir desta relação, escreveu o livro “Jung – Vida e Obra”, publicado em 1968.

Assim, a luta de Nise foi pela realização do encontro humano entre médico e paciente, onde o paciente seja retirado do lugar de passividade, para um lugar de agente de sua própria cura, sendo sua subjetividade legitimada durante este processo.
E com sua história, Nise nos deixa este presente, esta descoberta da arte como um caminho de cura, de aprofundamento, um caminho que amplia as possibilidades de relacionamento do ser com o mundo externo e consigo mesmo. Com a arte, é possível dar liberdade àquilo que temos de mais precioso, o nosso mundo interno, nossas emoções e sentimentos.



“(...)sem a relação de médico para com o cliente não há cura alguma. O psiquiatra não costuma olhar para o seu cliente nos olhos, a cura exige olho no olho, a vontade de curar e a relação afetiva compartilhada.”(NISE DA SILVEIRA)

MÃE NEVADA- Irmãos Grimm


Viveu outrora, muito longe daqui, uma viúva que tinha duas filhas . Uma
delas, sua filha legítima, era uma grande preguiçosa. A outra, ao contrário, era muito
trabalhadeira. Enquanto a primeira era mimada pela mãe, a enteada era a gata
burralheira da casa. Era ela quem fazia tudo. Como se não bastasse, ia todos os
dias sentar-se com seu fuso na beira de um poço da estrada, onde ficava horas
fiando. Seus dedos até sangravam.

Numa dessas vezes, quis lavar o fuso manchado de sangue nas águas do
poço, e aconteceu que ele escapou de suas mãos e desapareceu na água. Ela
voltou chorando para casa e contou à madrasta o que havia acontecido. A madrasta
ficou furiosa, passou-lhe uma descompostura e a tal ponto foi desumana, que lhe
disse aos gritos:

 Ah!... Então deixou o fuso cair no poço? Pois vá buscá-lo, sua
desastrada!
A pobre moça voltou para o poço sem saber o que fazer. Tão
desesperada estava que, numa tentativa para recuperar o fuso, atirou-se na água e
perdeu os sentidos.

Quando voltou a si, estava deitada na relva numa linda campina
pontilhada de flores vicejando ao sol. Levantou-se e, caminhando por ali, encontrou
um forno cheio de pães. Quando se aproximou, os pães gritaram:

 Tire-nos daqui! Tire-nos daqui! Já estamos assados e não queremos
nos queimar!
Pegando uma pá de padeiro que havia ali, a moça tirou, um por um, todos
os pães do forno. Depois, continuando a andar, passou por uma macieira
carregadinha de maçãs.

 Sacuda-me! Sacuda-me!  pediu a árvore.  Meus frutos estão
maduros e pesam demais!


A moça sacudiu-a com força e as maçãs choveram. Quando não ficou
uma só no pé, amontoou-as no chão e se afastou. Finalmente chegou a uma
casinha e viu uma velha espiando-a. Era muito feia e tinha uns dentes enormes. A
moça fugiu assustada, mas a velha chamou-a:

 Menina, volte aqui! Por que está assim tão assustada? Fique comigo!
Se me ajudar na arrumação da casa, e fizer tudo direitinho, vamos nos dar muito
bem. Só tem que se preocupar é com minha cama. Quero que sacuda bem o
colchão até as penas voarem. Quando elas voam, neva na Terra. Eu sou a Mãe
Nevada.
Sua voz era amistosa. A moça acalmou-se e concordou em ficar a seu
serviço. Naquele mesmo dia começou a trabalhar, e tudo o que fazia era com o
maior capricho e boa vontade. Todas as manhãs sacudia de tal modo o colchão
da velha, que as penas voavam para todos os lados, como flocos de neve. A Mãe
Nevada jamais a maltratava ou repreendia, e nunca lhe faltou comida quentinha e
saborosa.

Assim, viveu feliz por algum tempo, até que um dia começou a sentir
saudades. A princípio, não sabia do que, mas logo descobriu que eram saudades de
sua casa. E, embora vivesse muito melhor ali do que na casa da madrasta, desejou
voltar. Uma tarde disse à velha:

 Senhora Mãe Nevada, estou com saudades de casa. Apesar de estar
tão bem aqui, e lá só encontrar sofrimento, mesmo assim, desejo voltar.
 Me agrada saber que sente saudades dos seus  disse a velha.  E
como me serviu tão bem e com tanta dedicação, eu mesma a levarei para cima.
E, pegando a mão da moça, conduziu-a até uma porta enorme, que se
abriu de repente.
Qual não foi a surpresa da mocinha quando, ao pisar a soleira, uma
chuva de ouro caiu sobre ela, cobrindo-a toda de ouro!

 É um presente meu. Você o merece por ser tão trabalhadeira e
atenciosa  assim dizendo, a Mãe Nevada entregou-lhe o fuso que caíra no poço e
fechou a porta.
A moça percebeu, então, que estava no seu mundo, não muito longe de
casa. Dirigiu-se para lá e, mal entrou no pátio, um galo empoleirado no poço cantou:

Quiquiriqui!
Olhem quem chegou!

Nossa mocinha de ouro
Que vale mais que um tesouro!

A madrasta e a filha apareceram na porta. A moça foi ao encontro delas
e, como estava coberta de ouro, foi muito bem recebida. Contou-lhe sua aventura no
fundo do poço e, quando a madrasta soube como ela conseguira todo aquele ouro,
quis que a filha tentasse a sorte de igual maneira.

Assim, levando o fuso, ela foi obrigada a fiar sentada no poço.
Evidentemente, não iria ficar hora fiando.

Para andar mais depressa, ela picou o dedo com um espinho, jogou o
fuso manchado de sangue no poço, e se atirou atrás dele.

Então, assim como aconteceu com a irmã, encontrou-se na colina e foi
caminhando pela mesma trilha percorrida pela outra. Quando se aproximou do forno,
os pães gritaram:

 Tire-nos daqui! Tire-nos daqui! Já estamos assados e não queremos
nos queimar!
 Imagine se eu vou me sujar de farinha!  respondeu a moça sem se
deter. Mais adiante, encontrou a macieira, que lhe pediu:
 Sacuda-me! Sacuda-me! Meus frutos estão maduros e pesam demais!
 Acha que vou querer que eles caiam na minha cabeça?  respondeu a
moça continuando a andar.
Enfim, chegou à casa da Mãe Nevada. Sem se assustar com a aparência
da velha, pois já fora avisada da sua feiúra e dos seus dentes enormes, aceitou
prontamente a proposta que lhe fez.

No primeiro dia, trabalhou direitinho e se esforçou bastante, pensando no
ouro que iria ganhar. No segundo dia, já deixou transparecer a sua preguiça,
fazendo tudo mal feito. No terceiro dia, acordou tarde, não arrumou a cama da velha
do jeito que ela queria, e poucas penas voaram.

A Mãe Nevada acabou se aborrecendo e despidiu-a. E, assim como fez
com a irmã, levou-a até a enorme porta e abriu-a. A moça parou na soleira,
esperando a chuva de ouro, mas em vez disso, um caldeirão de piche virou sobre
ela. Foi assim, lambuzada de piche, que ela voltou para casa. Ao vê-la chegar, o
galo empoleirado no poço cantou:


Quiquiriqui!
Olhem quem chegou!


Nossa garota imunda
Mas suja do que nunca!


O piche custou tanto para sair de sua pele, que durante muitos meses ela
não pode sair de casa.




quinta-feira, 11 de junho de 2015

Infância

"Em nossos sonhos de volta à infância, nos poemas que todos gostaríamos de escrever para dar nova vida, outra vez aos devaneios originais, para nos devolver o universo da felicidade, a infância aparece no  próprio estilo da psicologia profunda como um verdadeiro arquétipo, o arquétipo da simples felicidade. É por certo uma imagem em nós, um centro para imagens que atrai imagens felizes e repele as experiências de infelicidade. Mas essa imagem, no seu princípio,  não é completamente  nossa; ela tem raízes mais profundas do que as nossas meras recordações. Nossa infância testemunha a infância do homem, do ser que é tocado pela glória de estar vivo”". (in: BACHELARD, G. Devaneios sobre a infância, in: ABRAMS, J. (org). O reencontro da criança interior. São Paulo: Cultrix, 1990-p.53)

"Todos nós nascemos originais e morremos cópias"(Jung)

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sexta-feira, 5 de junho de 2015

Psicoterapia Individual na abordagem Junguiana

Atender alguém é uma arte que requer muito estudo e prática. Não é uma tarefa simples, mas posso dizer que é deliciosa! Na clínica nos deparamos com diversas situações, mas segundo Jung, é apenas uma alma encontrando outra alma. Quero agradecer a todas as pessoas que já encontrei, que estou encontrando e que ainda vou encontrar no meu consultório. Obrigada por permitirem estarmos juntos no processo de auto-conhecimento e de libertação, porque cura-se é transformar-se, não em outra coisa, mas sim em si mesmo, é seguir os passos que seu eu interior dita para você, é estar em paz consigo mesmo, é libertar-se do que não é seu, do que você não é. Bem-vindo!

Carl Jung" Sua visão se tornará clara somente quando você olhar para dentro do seu coração. Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, acorda. "
Carl Jung