
Psico Andressa
sábado, 3 de março de 2018
Jung

terça-feira, 19 de julho de 2016
Hieronymus Bosch


Segundo Jung, ''sonhos são realizações de desejos ocultos e são ferramenta que busca equilíbrio pela compensação. É o meio de comunicação do inconsciente com o consciente. A criação de algo novo é consumado pelo intelecto, mas despertado pelo instinto de uma necessidade pessoal. A mente criativa age sobre algo que ela ama.'' Então podemos supor que Bosch concretizou em suas obras sua mente criativa, colocou seu amor na pintura e conseguiu trazer à tona imagens submersas que representam o momento que vivia. Pouco sabe-se sobre esse artista medieval, que tem traços de arte fantástica e surrealismo (mesmo ainda não existindo essas classificações quando Bosch pintava), mas é válido fazer pesquisas sobre sua obra tão maravilhosa em elementos simbólicos e sonhar através delas!
segunda-feira, 18 de julho de 2016
segunda-feira, 14 de março de 2016
sábado, 27 de fevereiro de 2016
Amar, verbo intransitivo

Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te deu uma rasteira e a
outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas e enxugá-las com ternura,
que coisa maravilhosa: você poderá contar com ela em qualquer momento de sua vida ...
(Carlos Drummond de Andrade)
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016
Mãe Natureza

"Me leva as profundezas das minhas emoções
Para eu ver com clareza inconscientes negações
Que me deixam dormindo em distorcido prazer"
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016
domingo, 31 de janeiro de 2016
sábado, 21 de novembro de 2015
Tratamento com psicologia analítica
"A terapia não é uma cura, pois não consideramos o paciente um doente, ele apenas não teve acesso às suas potencialidades, e essas não sendo reconhecidas, podem influenciar negativamente sua vida cotidiana"
por Leniza Castello Branco |
Bem... não é o que o analista acha ou sua filosofia de vida que deve ser passada ao cliente, nem mesmo o que ele considera certo ou normal.
Jung acreditava que a psique (mente) tem potencial para a cura, e que seguindo o inconsciente através dos sonhos, símbolos, criações artísticas teríamos o caminho para a cura.
Por isso, o terapeuta deve ter o máximo de conhecimento não só de psicologia mas de literatura, artes, música, mitologia, religiões. Esse conhecimento geral vai ajudá-lo a entender melhor os símbolos e a psique de seu paciente.
Para isso ele pode usar várias técnicas que ajudarão no processo de tornar conteúdos desconhecidos conscientes.
Exemplos dessas técnicas são: imaginação ativa, interpretação de sonhos, fantoches, caixa de areia, pintura, expressão corporal e muito mais. No desenvolvimento desta coluna em textos posteriores explicarei cada uma delas.
Quem procura terapia geralmente atribui seus problemas, neuroses e infelicidade aos acasos da vida ou ao próximo - quanto mais próximo, melhor.
É função do terapeuta auxiliar a pessoa a reconhecer sua responsabilidade nos problemas que enfrenta. Para isso ele aponta a trave no olho, ao invés de ver o cisco no olho do vizinho.
O processo terapêutico auxilia a pessoa a entrar em contato consigo mesma, para desenvolver seu potencial criativo.
Não precisamos ficar doentes ou com problemas para procurarmos terapia. Ao contrário, deveríamos iniciá-la quando estamos bem, para termos mais força e reagirmos com mais equilíbrio frente aos problemas que temos de enfrentar.
A terapia não é uma cura, pois não consideramos o paciente um doente, ele apenas não teve acesso às suas potencialidades, e essas não sendo reconhecidas, podem influenciar negativamente sua vida cotidiana.
A terapia de abordagem junguiana tem como foco principal ligar aspectos inconscientes da personalidade ao ser consciente. Alcançando essa meta, seremos transformados através do processo que Jung chamou de “individuação”, unificando a personalidade e tornando-se consciente como individuo único e integro no mundo.
Jung acreditava que a psique (mente) tem potencial para a cura, e que seguindo o inconsciente através dos sonhos, símbolos, criações artísticas teríamos o caminho para a cura.
Por isso, o terapeuta deve ter o máximo de conhecimento não só de psicologia mas de literatura, artes, música, mitologia, religiões. Esse conhecimento geral vai ajudá-lo a entender melhor os símbolos e a psique de seu paciente.
Para isso ele pode usar várias técnicas que ajudarão no processo de tornar conteúdos desconhecidos conscientes.
Exemplos dessas técnicas são: imaginação ativa, interpretação de sonhos, fantoches, caixa de areia, pintura, expressão corporal e muito mais. No desenvolvimento desta coluna em textos posteriores explicarei cada uma delas.
Quem procura terapia geralmente atribui seus problemas, neuroses e infelicidade aos acasos da vida ou ao próximo - quanto mais próximo, melhor.
É função do terapeuta auxiliar a pessoa a reconhecer sua responsabilidade nos problemas que enfrenta. Para isso ele aponta a trave no olho, ao invés de ver o cisco no olho do vizinho.
O processo terapêutico auxilia a pessoa a entrar em contato consigo mesma, para desenvolver seu potencial criativo.
Não precisamos ficar doentes ou com problemas para procurarmos terapia. Ao contrário, deveríamos iniciá-la quando estamos bem, para termos mais força e reagirmos com mais equilíbrio frente aos problemas que temos de enfrentar.
A terapia não é uma cura, pois não consideramos o paciente um doente, ele apenas não teve acesso às suas potencialidades, e essas não sendo reconhecidas, podem influenciar negativamente sua vida cotidiana.
A terapia de abordagem junguiana tem como foco principal ligar aspectos inconscientes da personalidade ao ser consciente. Alcançando essa meta, seremos transformados através do processo que Jung chamou de “individuação”, unificando a personalidade e tornando-se consciente como individuo único e integro no mundo.
quinta-feira, 12 de novembro de 2015
No final de ano...
Em tempos de luta por direitos mínimos, como água, alimentos e acesso à saúde, somos engolidos por uma metralhadora de propagandas para o consumo. Sim, o Natal se aproxima, e com ele a ditadura do ser e ter. Você não precisa ter muito para ser feliz, mas é influenciado para que consuma, cada vez mais, sem necessidade, para que seja criada uma falsa ilusão de completude no vazio existencial, que assombram a maioria das pessoas. E o precisar ser muitas coisas, se resume nessa exigência contínua de vários papéis e tarefas que "temos" que cumprir, e rápido, para sermos pessoas bem sucedidas. Percebo que de tantas informações, possibilidades e velocidade que hoje se relacionam com as nossas vidas, cresce fortemente o número de casos de adoecimento psíquico. Estamos nos tornando superficiais e frágeis, vide a crescente construção de bares e farmácias nas cidades. Onde estão as crianças que brincavam na rua enquanto os vizinhos batiam papo na calçada? Onde estão os parques e praças que as cidades deveriam ter para melhorar a convivência entre as pessoas e o contato com a natureza? Por que tanta intolerância contra as diferenças? Para que tantos carros blindados, segurança privada, câmeras de segurança, cercas elétricas e sistema de alarmes? Do que tanto temos medo? Da violência? Mas quem gera violência? Será que não somos nós os responsáveis devido ao distanciamento de nós mesmos? Então, nesse Natal, não compre muitas coisas, apenas esteja perto das pessoas que você ama e celebre a vida! E no próximo ano não tente ser muitas coisas, tente ser você mesmo. Encontrar a si e aceitar o que você é, pode ser o primeiro passo para transformarmos nosso planeta em um lugar melhor para todos.
terça-feira, 10 de novembro de 2015
Liberdade!
"o objetivo do homem é libertar-se das ‘amarras’, rasgar o véu da ignorância e libertar a alma das correntes da existência” (ELIADE, 1991)
segunda-feira, 9 de novembro de 2015
domingo, 8 de novembro de 2015
Bebê
"O bebê não é um papel em branco para ser escrito. Ele vem com uma história, com dramas profundos e neuroses". (C.G. Jung)
sábado, 7 de novembro de 2015
quinta-feira, 5 de novembro de 2015
Alice no país das maravilhas...
Alice: Chapeleiro, você me acha louca?
Chapeleiro: Louca, louquinha ! Mas vou te contar um segredo: as melhores pessoas são...
Alice: Quando acordei hoje de manhã, eu sabia quem eu era, mas acho que já mudei muitas vezes desde então.
Chapeleiro: Louca, louquinha ! Mas vou te contar um segredo: as melhores pessoas são...
Alice: Quando acordei hoje de manhã, eu sabia quem eu era, mas acho que já mudei muitas vezes desde então.
Humano, demasiado humano
“(...) o homem está muito bem defendido de si mesmo, da espionagem e do assedio que faz a si mesmo, e geralmente não enxerga mais que o seu ante muro. A fortaleza mesma lhe é inacessível e até invisível, a não ser que amigos e inimigos se façam de traidores e o conduzam para dentro de si, por uma via secreta (...)”.
Nietzsche, Friedrich (1878)
domingo, 1 de novembro de 2015
Mitologia Grega
Mito da origem das estações
Deméter e Perséfone
Deméter era a deusa do trigo e, de um modo geral, de toda a terra cultivada. Senhora dos cereais, não admira que os Romanos lhe tenham chamado Ceres.
Da sua união com Zeus, teve uma filha, Perséfone (Prosérpina, para os Romanos). Era a sua única filha, que cresceu, muito bela e feliz, na companhia das ninfas e de duas meias‑irmãs, as deusas Ártemis e Atena.
Hades, o deus dos infernos, que era irmão de Zeus e, portanto, seu tio, apaixonou-se perdidamente por ela. Um dia, quando a jovem passeava despreocupada pelos prados verdejantes, ao colher uma flor, a terra abriu-se de repente e Hades surgiu para a raptar e levar consigo para o mundo inferior sobre o qual reinava.
Deméter ouviu os gritos de aflição da filha e correu para a ajudar, mas nada pôde fazer. Nem sequer sabia onde ela estava nem quem a tinha levado.
Desesperada, começou a percorrer o mundo de lés-a-lés, em busca da filha, sem comer nem beber, sem se preocupar com o seu aspeto nem tratar de si, sem cuidar de nenhuma das suas tarefas. Acabou por conseguir que o Sol, que tudo vê, lhe revelasse quem fora o raptor da filha. Decidiu então não mais voltar ao Olimpo, a morada dos deuses, e renunciou às suas funções divinas até que a filha lhe fosse devolvida.
A terra foi ficando estéril e os homens com fome, pois as culturas secaram e morreram. Tudo era devastação e abandono. Então Zeus, responsável pela ordem no mundo, preocupado com a calamidade causada por Deméter, ordenou a Hades que devolvesse Perséfone. A jovem, porém, por fome ou instigada por Hades, comera já um bago de romã no mundo das sombras e esse pequeno gesto ligara-a para sempre ao reino do marido.
Teve então de se chegar a uma solução de compromisso e a um acordo: Perséfone passaria metade do ano com a mãe, no Olimpo, e a outra metade com o marido, no mundo dos infernos.
Assim, quando Deméter tem a filha ao pé de si, está feliz e a natureza floresce: é o tempo da primavera e do verão. Mas quando Perséfone tem de regressar para junto de Hades, Deméter mergulha de novo na maior tristeza: começa então o outono, vem depois o inverno e a desolação na natureza. E é essa a causa do ciclo das quatro estações.
Fonte literal: Centro de Estudos Clássicos Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
Mãe e Filha
O livro Mean Mothers – Mães Más – coletou histórias de
relações tumultuadas de filhas que não foram amadas, porque suas mães não
puderam ou quiseram fazê-lo. A seguir os principais sintomas desenvolvidos na filha em idade adulta:
1) Baixa auto-estima
2) Falta de
confiança nas outras pessoas
3) Dificuldade de
estabelecer limites para si e para os outros, sendo muito difícil dizer “não”
4)
Auto-imagem distorcida
5)
Mantém comportamento de esquiva, pois há dificuldade em se aprofundar
nas relações inter-pessoais
6) Apresenta
Hipersensibilidade, que exagerando nos sentimentos, pode brigar muito,
guardar mágoas sem sentido e criar problemas em seus relacionamentos com as
pessoas em geral
7)
Relacionamentos em espelho,
ou seja, namorar ou casar com pessoas com características de personalidade muito
parecidas com as da sua mãe.
sábado, 24 de outubro de 2015
Eros e Psique
"Conta a lenda que dormia
uma Princesa encantada
a quem só despertaria
um Infante, que viria
de além do muro da estrada.
uma Princesa encantada
a quem só despertaria
um Infante, que viria
de além do muro da estrada.
Ele tinha que, tentado,
vencer o mal e o bem,
antes que, já libertado,
deixasse o caminho errado
por o que à Princesa vem.
vencer o mal e o bem,
antes que, já libertado,
deixasse o caminho errado
por o que à Princesa vem.
A Princesa Adormecida,
se espera, dormindo espera.
Sonha em morte a sua vida,
e orna-lhe a fronte esquecida,
verde, uma grinalda de hera.
se espera, dormindo espera.
Sonha em morte a sua vida,
e orna-lhe a fronte esquecida,
verde, uma grinalda de hera.
Longe o Infante, esforçado,
sem saber que intuito tem,
rompe o caminho fadado.
Ele dela é ignorado.
Ela para ele é ninguém.
sem saber que intuito tem,
rompe o caminho fadado.
Ele dela é ignorado.
Ela para ele é ninguém.
Mas cada um cumpre o Destino –
ela dormindo encantada,
ele buscando-a sem tino
pelo processo divino
que faz existir a estrada.
ela dormindo encantada,
ele buscando-a sem tino
pelo processo divino
que faz existir a estrada.
E, se bem que seja obscuro
tudo pela estrada fora,
e falso, ele vem seguro,
e, vencendo estrada e muro,
chega onde em sono ela mora.
tudo pela estrada fora,
e falso, ele vem seguro,
e, vencendo estrada e muro,
chega onde em sono ela mora.
E, inda tonto do que houvera,
à cabeça, em maresia,
ergue a mão, e encontra hera,
e vê que ele mesmo era
a Princesa que dormia."
à cabeça, em maresia,
ergue a mão, e encontra hera,
e vê que ele mesmo era
a Princesa que dormia."
(Fernando Pessoa)

Ego segundo Jung
"Entendo o ‘Eu’ (Ego) como um complexo de representações que constitui para mim (indivíduo), o centro do meu campo de Consciência e que me parece ter grande continuidade e identidade comigo mesmo. Por isso, falo também do complexo do Eu ou complexo do Ego. O complexo do Eu é tanto conteúdo quanto condição da Consciência, pois um elemento psíquico me é consciente enquanto estiver relacionado com o complexo do Eu. Enquanto o ‘Eu’ for apenas o centro do meu campo consciente, não é idêntico ao todo de minha psique, mas apenas um complexo entre outros complexos. Por isso distingo entre Eu (Ego) e Si-mesmo (Self). O Eu é o sujeito apenas da minha Consciência, mas o Si-mesmo é o sujeito do meu todo, também da psique inconsciente. Dentro dele está o Eu. O Si-mesmo ‘gosta’ de aparecer na fantasia inconsciente de 'personalidade superior' ou 'ideal', assim como, por exemplo, o Fausto de Goethe e o Zaratustra de Nietzsche. Neste sentido, o Si-mesmo seria a grandeza ideal que encerraria personalidade superior ou ideal (...) Por amor à idealidade, os traços arcaicos do Si-mesmo foram apresentados como distintos do Si-mesmo ‘superior’: em Goethe,na forma de Mefisto; em Spitteler na forma de Epimeteu; na psicologia, como o demônio ou o anticristo; em Nietzsche, Zaratustra descobre sua Sombra no ‘mais feio dos homens’." (Tipos Psicológicos, p. 406)
sábado, 10 de outubro de 2015
Cauda Pavonis
O PROCESSO ALQUÍMICO E A PSICOTERAPIA JUNGUIANA
Por: Paulo C. de Souza
A maioria dos escritores dividia a via úmida em quatro estágios e os associava a cores e suas vibrações. Como não podia deixar de ser, os nomes eram em latim: Nigredo (preto), Cauda Pavonis (cauda do pavão ou arco-íris), Albedo (branco) e Rubedo (vermelho). Esses quatro processos ou etapas, se observados de uma maneira global, lembram um pouco as quatro fases da psicoterapia que Jung descreveu: Confissão, Esclarecimento, Educação e Transformação.
Antes de tentarmos ver um por um os processos acima citados, temos de ter em mente que esse processo é cíclico, qual uma ‘espiral ascendente’ e praticamente nunca termina; tanto na alquimia como no processo de individuação de Jung. Ou seja, quando terminamos uma Rubedo voltamos à Nigredo; quando terminamos uma Transformação, voltamos a uma Confissão. É claro que esse retorno nunca é a um ponto inicial do processo e, sim, um pouco mais para dentro e um pouco mais para cima. Funciona como uma longa estrada para alcançar o topo de um morro. A estrada vai contornando o morro de maneira suave e imperceptível, e de repente percebemos que já ultrapassamos as primeiras nuvens. Além disso, nada nos impede, estando numa Albedo, de retornar para a Nigredo; assim com, da Educação, retornar ao Esclarecimento. O importante é sabermos que por mais lento que seja o caminho ele é sempre para diante!
A Nigredo, o negro, já nos sugere a morte, a sombra, o pesado, o denso, o sofrimento. Foi isso que nos disse Jung quando falou da confissão no consultório do psicólogo. Contamos nossa vida, nossos segredos, nossos aborrecimentos, nossos sonhos não alcançados e, na maioria das vezes choramos como um bebê que está com fome e quer mamar ou lhe tiraram o brinquedo predileto. Ou seja, morremos para uma vida que não valia a pena ou que simplesmente passou (valia a pena talvez naquela época, agora já não vale mais). Nessa ocasião ficamos parados, inativos, deprimidos, sem ânimo, introvertidos, quietos e sentimos que algo se ‘dissolve’ em nós. Por mais angustiante que seja o processo, o importante é seguir o que ele recomenda: ficar quieto e adiar tudo o que for possível. Quando estamos jogando nossos ‘conflitos psicológicos’ nos problemas exteriores, ou seja, no mundo em que vivemos; eles se sobrepõem e se confundem, numa mistura homogênea. Podemos usar a metáfora do ‘copo com água e álcool’; você olha para aquela substância branca e não sabe quem é quem. Daí, as decisões nessa fase da vida possuírem uma chance muito grande de dar errado. Devemos identificar os problemas que são nossos e separá-los dos problemas do mundo. Continuando na metáfora do ‘copo’; é preciso colorir a água para poder separá-la com mais facilidade do álcool.
Depois disso é como se o preto ¾ que é a ausência de todas as cores ¾ transformasse no branco ¾ que é a presença de todas as cores. Só que é o branco decomposto em todas as cores por uma espécie de ‘cristal‘ e essa pedra cristalina é muitas vezes o nosso analista, outras vezes um padre, um sacerdote, um velho amigo ou até o travesseiro. É por isso que alguns alquimistas pulam a fase da ‘cauda pavonis’ e vão da Nigredo para a Albedo. Mas como Jung colocou muito bem, após a confissão de seus temores mais profundos, o paciente fica esvaziado e se fixa na figura do psicólogo; esse fenômeno levou o nome complicado de ‘Transferência’ (até a psicologia imita a alquimia em matéria de nomes complicados). Como o nome já sugere, transferimos para a figura do analista as figuras interiores que antes estávamos jogando no pai, na mãe, no irmão, no vizinho, na namorada, no marido etc. Essa transferência precisa ser ‘esclarecida’ e discutida com o paciente para que ele entenda o que está acontecendo em sua alma ainda conturbada, embora já bastante aliviada com o auxílio da confissão. Muitos alquimistas representaram o desmembramento do branco com o desmembramento do corpo humano. Acontece na realidade o desmembramento de nossa psique; mas temos que manter essa dissociação da nossa psique sob o controle do Ego. É para isto que ele possui as características e a função de um ‘complexo gerenciador’. Um gerente de uma grande fábrica não olha diretamente o que cada operário faz, não consegue saber o nome de todos os seus 5.000 funcionários; mas, com uma rápida análise dos seus gráficos de produção ele sabe de tudo que acontece no seu negócio e pode se concentrar no que julga importante no momento.
Após esta etapa, naturalmente vem o branco, a Albedo, a brancura, o clareamento, o entendimento, o conhecimento, uma certa tranqüilidade. É como se todas as cores do arco-íris se fundissem e nos mostrassem a beleza do branco, da paz, do espiritual. Deve ser por isso que se diz que no fim do arco-íris está um pote de ouro. O problema é que nunca encontramos o fim do arco-íris, mas na maioria das vezes o caminhar é o verdadeiro tesouro. Nesse estado de brancura nos educamos e nos inteiramos que existe uma vida nova que pode ser seguida e quando olhamos para trás, o esforço já não parece tão grande. Lembremos que educação é repetição, porque para assimilar alguma coisa precisamos repetir, precisamos tirar todos os véus dos preconceitos, precisamos entender que os problemas estão dentro de nós, precisamos ver que o outro está ali também na sua busca. Precisamos até entender que muitos buscam o mesmo Deus que nós buscamos, só que por caminhos diferentes, mas geralmente, também chegam lá. Corremos um risco de achar que o nosso gerente, o Ego, é o maior gerente do mundo, pois está tocando uma fábrica de grande porte. Cuidado com a estagnação, o equilíbrio é sempre dinâmico e só o conflito nos faz crescer e quando não crescemos, caímos. É mais ou menos como andar de bicicleta, quanto mais rápido mais equilíbrio, o movimento nos mantém em linha reta. Vocês poderiam dizer que algumas pessoas ficam em pé em um bicicleta parada. Mas o lugar deles é no circo e perdem o objetivo da locomoção, que é o objetivo da vida.
Quando estamos nesse processo de uma certa calmaria, as coisas vão entrando nos eixos. Mas é hora, por incrível que pareça, de colocar paixão, fogo, ardor, vermelho, Rubedo. Aí conseguimos transformação ¾ transformar é ser o que já era, sem precisar fazer força para isso. É quando não roubamos o vizinho; não com medo da prisão, mas porque acreditamos que isso não é o correto. É quando não batemos no inimigo; não com medo do revide, mas quando temos compaixão por outro ser humano. Na transformação conseguimos um movimento com um mínimo de atrito. É quando nos aproximamos dos pólos; lá o movimento como um todo é o mesmo, mas, o deslocamento menor. Temos mais consciência de fazermos parte de um mundo, percebemos que somos dependentes de tudo e ao mesmo tempo tudo é impermanente. Só nos resta a essência da alma, algo dentro de nós que não morre nunca. Estes processos nos levam a essência da vida por um caminho relativamente suave. Não deixem de buscá-la, senão a dor pode vir para nos lembrar de tudo isso. Quem já sentiu uma dor muito forte sabe que naquela hora não conseguimos pensar em mais nada, só em acabar com ela. Tentem lembrar de tudo que pensaram na hora da dor, tanto física quanto espiritual e estarão perto do que é a essência.
Podemos imaginar então que o processo está todo concluído... Vamos descansar. Ledo engano, a transformação ocorreu sim, mas em parte do nosso ser. Temos de voltar a Nigredo e a Confissão, temos de passar pelas cores até o branco e, de novo inflados com o esplendor da luz, vamos mais uma vez nos inflamar para chegar às brasas, ao rubro, a Rubedo. Esta é a roda da vida e não pára nunca, nela vamos girar sem parar por muito tempo. Mas posso garantir: quem fizer um primeiro ciclo vai aceitar todo os outros com galhardia, força e abnegação e principalmente com pequenos momentos de felicidade.
Antes de tentarmos ver um por um os processos acima citados, temos de ter em mente que esse processo é cíclico, qual uma ‘espiral ascendente’ e praticamente nunca termina; tanto na alquimia como no processo de individuação de Jung. Ou seja, quando terminamos uma Rubedo voltamos à Nigredo; quando terminamos uma Transformação, voltamos a uma Confissão. É claro que esse retorno nunca é a um ponto inicial do processo e, sim, um pouco mais para dentro e um pouco mais para cima. Funciona como uma longa estrada para alcançar o topo de um morro. A estrada vai contornando o morro de maneira suave e imperceptível, e de repente percebemos que já ultrapassamos as primeiras nuvens. Além disso, nada nos impede, estando numa Albedo, de retornar para a Nigredo; assim com, da Educação, retornar ao Esclarecimento. O importante é sabermos que por mais lento que seja o caminho ele é sempre para diante!
A Nigredo, o negro, já nos sugere a morte, a sombra, o pesado, o denso, o sofrimento. Foi isso que nos disse Jung quando falou da confissão no consultório do psicólogo. Contamos nossa vida, nossos segredos, nossos aborrecimentos, nossos sonhos não alcançados e, na maioria das vezes choramos como um bebê que está com fome e quer mamar ou lhe tiraram o brinquedo predileto. Ou seja, morremos para uma vida que não valia a pena ou que simplesmente passou (valia a pena talvez naquela época, agora já não vale mais). Nessa ocasião ficamos parados, inativos, deprimidos, sem ânimo, introvertidos, quietos e sentimos que algo se ‘dissolve’ em nós. Por mais angustiante que seja o processo, o importante é seguir o que ele recomenda: ficar quieto e adiar tudo o que for possível. Quando estamos jogando nossos ‘conflitos psicológicos’ nos problemas exteriores, ou seja, no mundo em que vivemos; eles se sobrepõem e se confundem, numa mistura homogênea. Podemos usar a metáfora do ‘copo com água e álcool’; você olha para aquela substância branca e não sabe quem é quem. Daí, as decisões nessa fase da vida possuírem uma chance muito grande de dar errado. Devemos identificar os problemas que são nossos e separá-los dos problemas do mundo. Continuando na metáfora do ‘copo’; é preciso colorir a água para poder separá-la com mais facilidade do álcool.
Depois disso é como se o preto ¾ que é a ausência de todas as cores ¾ transformasse no branco ¾ que é a presença de todas as cores. Só que é o branco decomposto em todas as cores por uma espécie de ‘cristal‘ e essa pedra cristalina é muitas vezes o nosso analista, outras vezes um padre, um sacerdote, um velho amigo ou até o travesseiro. É por isso que alguns alquimistas pulam a fase da ‘cauda pavonis’ e vão da Nigredo para a Albedo. Mas como Jung colocou muito bem, após a confissão de seus temores mais profundos, o paciente fica esvaziado e se fixa na figura do psicólogo; esse fenômeno levou o nome complicado de ‘Transferência’ (até a psicologia imita a alquimia em matéria de nomes complicados). Como o nome já sugere, transferimos para a figura do analista as figuras interiores que antes estávamos jogando no pai, na mãe, no irmão, no vizinho, na namorada, no marido etc. Essa transferência precisa ser ‘esclarecida’ e discutida com o paciente para que ele entenda o que está acontecendo em sua alma ainda conturbada, embora já bastante aliviada com o auxílio da confissão. Muitos alquimistas representaram o desmembramento do branco com o desmembramento do corpo humano. Acontece na realidade o desmembramento de nossa psique; mas temos que manter essa dissociação da nossa psique sob o controle do Ego. É para isto que ele possui as características e a função de um ‘complexo gerenciador’. Um gerente de uma grande fábrica não olha diretamente o que cada operário faz, não consegue saber o nome de todos os seus 5.000 funcionários; mas, com uma rápida análise dos seus gráficos de produção ele sabe de tudo que acontece no seu negócio e pode se concentrar no que julga importante no momento.
Após esta etapa, naturalmente vem o branco, a Albedo, a brancura, o clareamento, o entendimento, o conhecimento, uma certa tranqüilidade. É como se todas as cores do arco-íris se fundissem e nos mostrassem a beleza do branco, da paz, do espiritual. Deve ser por isso que se diz que no fim do arco-íris está um pote de ouro. O problema é que nunca encontramos o fim do arco-íris, mas na maioria das vezes o caminhar é o verdadeiro tesouro. Nesse estado de brancura nos educamos e nos inteiramos que existe uma vida nova que pode ser seguida e quando olhamos para trás, o esforço já não parece tão grande. Lembremos que educação é repetição, porque para assimilar alguma coisa precisamos repetir, precisamos tirar todos os véus dos preconceitos, precisamos entender que os problemas estão dentro de nós, precisamos ver que o outro está ali também na sua busca. Precisamos até entender que muitos buscam o mesmo Deus que nós buscamos, só que por caminhos diferentes, mas geralmente, também chegam lá. Corremos um risco de achar que o nosso gerente, o Ego, é o maior gerente do mundo, pois está tocando uma fábrica de grande porte. Cuidado com a estagnação, o equilíbrio é sempre dinâmico e só o conflito nos faz crescer e quando não crescemos, caímos. É mais ou menos como andar de bicicleta, quanto mais rápido mais equilíbrio, o movimento nos mantém em linha reta. Vocês poderiam dizer que algumas pessoas ficam em pé em um bicicleta parada. Mas o lugar deles é no circo e perdem o objetivo da locomoção, que é o objetivo da vida.
Quando estamos nesse processo de uma certa calmaria, as coisas vão entrando nos eixos. Mas é hora, por incrível que pareça, de colocar paixão, fogo, ardor, vermelho, Rubedo. Aí conseguimos transformação ¾ transformar é ser o que já era, sem precisar fazer força para isso. É quando não roubamos o vizinho; não com medo da prisão, mas porque acreditamos que isso não é o correto. É quando não batemos no inimigo; não com medo do revide, mas quando temos compaixão por outro ser humano. Na transformação conseguimos um movimento com um mínimo de atrito. É quando nos aproximamos dos pólos; lá o movimento como um todo é o mesmo, mas, o deslocamento menor. Temos mais consciência de fazermos parte de um mundo, percebemos que somos dependentes de tudo e ao mesmo tempo tudo é impermanente. Só nos resta a essência da alma, algo dentro de nós que não morre nunca. Estes processos nos levam a essência da vida por um caminho relativamente suave. Não deixem de buscá-la, senão a dor pode vir para nos lembrar de tudo isso. Quem já sentiu uma dor muito forte sabe que naquela hora não conseguimos pensar em mais nada, só em acabar com ela. Tentem lembrar de tudo que pensaram na hora da dor, tanto física quanto espiritual e estarão perto do que é a essência.
Podemos imaginar então que o processo está todo concluído... Vamos descansar. Ledo engano, a transformação ocorreu sim, mas em parte do nosso ser. Temos de voltar a Nigredo e a Confissão, temos de passar pelas cores até o branco e, de novo inflados com o esplendor da luz, vamos mais uma vez nos inflamar para chegar às brasas, ao rubro, a Rubedo. Esta é a roda da vida e não pára nunca, nela vamos girar sem parar por muito tempo. Mas posso garantir: quem fizer um primeiro ciclo vai aceitar todo os outros com galhardia, força e abnegação e principalmente com pequenos momentos de felicidade.
segunda-feira, 5 de outubro de 2015
domingo, 20 de setembro de 2015
domingo, 13 de setembro de 2015
segunda-feira, 7 de setembro de 2015
Apenas sincronicidade
Um conceito importante na teoria junguiana é a
sincronicidade. Quando atendemos em psicoterapia nessa abordagem, ficamos
atentos as sincronicidades que ocorrem durante o trabalho. A sincronicidade é
um fator abstrato e irrepresentável, por isso é difícil compreender este tema,
porque temos primeiro que desconstruir alguns conceitos impregnados no nosso
pensar ocidental. Por exemplo, temos que entender que todas as coisas são uma
só, ou seja, como unidade e multiplicidade. E também aceitar que temos um olhar
equivocado sobre o tempo, pois o temos como linear, mas a física quântica está
aí para dizer que não é bem assim... e
claro que Jung para escrever sobre um
tema desse, recorreu a ela, além da astrologia, Schopenhauer, Rhine, filosofia
oriental, entre outros. Na parte consciente de nossa psique, apreendemos o
tempo linear (começo, meio e fim), mas estamos falando aqui do inconsciente,
que é atemporal (tudo, ao mesmo tempo, agora). Por isso o inconsciente pode
captar fatos anteriormente à consciência. E temos um inconsciente, chamado
coletivo, que conecta todos os seres humanos, através de símbolos arquetípicos.
Para algumas pessoas, o termo sincronicidade pode ser entendido como “coincidências”,
porém, é mais complexo que isso, pois tem relação com simultaneidade e tempo.
São linhas que se cruzam formando uma só. São fatos distintos que não tem
relação causal, mas sim de significado. Para nós, os detalhes são importantes
em si mesmos; para a mente oriental, os detalhes juntos é que formam sempre o
quadro global. “A sincronicidade,
portanto, significa, em primeiro lugar, a simultaneidade de um estado psíquico
com um ou vários acontecimentos que aparecem como paralelos significativos de
um estado subjetivo momentâneo e, em certas circunstâncias, também vice-versa.”
(Jung, parag.850). Como, entre os anos de 1913 e 1914, Jung tinha sonhos repetitivos
com rios de sangue banhando a Europa. Era uma mensagem do inconsciente sobre a violência
e a matança coletivas que estavam para acontecer com a eclosão da primeira
guerra mundial. Durante meu trabalho, sempre noto que alguns pacientes falam do
mesmo tema que estou estudando na semana, ou de algum filme que vi um dia
antes, sendo que este não é lançamento. Certa vez, sonhei com a profissão de um
paciente desconhecido na noite anterior que iria atendê-lo pela primeira vez. Sobrenatural? Não, apenas sincronicidade.
Referência: JUNG, C. G. “Sincronicidade”. Ed. Vozes, 12 ed. Petrópolis, 2004
segunda-feira, 24 de agosto de 2015
sexta-feira, 21 de agosto de 2015
quinta-feira, 30 de julho de 2015
Nise e os gatos

Falando em gatos, você sempre esteve rodeada por eles. Como é a
sua relação com os gatos?
Nise - Eu gosto muito de todos os animais. Admiro muito o cão. Me
sinto humilhada diante do cão. Respeito o cão, porque o cão tem uma qualidade
que eu acho belicismo e da qual eu me sinto distante, que é a infinita
capacidade de perdoar. Dê um passo que se dê ele é fiel. Nunca se ouviu contar
que um cão fizesse um "treta" com seu dono, ou que fosse infiel, que
traísse sobre qualquer forma o seu dono. Eu tinha cães em Maceió, porque morava
numa casa grande. Com relação aos gatos, de tanto vê-los na rua desamparados,
eu ia apanhando e trazendo prá casa. Chequei a ter 23 gatos. O gato não tem
essa capacidade de perdoar, como eu não tenho. Eles são muito especiais. No
Hospital, introduzi os animais como ajuda para os doentes. Como co-terapêutas.
Um analista americano, de quem eu tenho um livro costumava trabalhar com um cão
no consultório. Como aliás Freud trabalhava com um cão no consultório; Jung
trabalhava com um cão no consultório. Marie Lenize Von Franz, com quem eu fiz
análise, trabalhava com um cão no consultório. Aqui o cão não entra nos
lugares.
Nise e Jung
Nise foi a divulgadora da Psicologia Analítica no Brasil, tendo começado a se corresponder com Jung em 1954, a partir de seu interesse pelas mandalas, que eram frequentemente produzidas pelos seus pacientes.
A partir desta relação, escreveu o livro “Jung – Vida e Obra”, publicado em 1968.
Assim, a luta de Nise foi pela realização do encontro humano entre médico e paciente, onde o paciente seja retirado do lugar de passividade, para um lugar de agente de sua própria cura, sendo sua subjetividade legitimada durante este processo.
Assim, a luta de Nise foi pela realização do encontro humano entre médico e paciente, onde o paciente seja retirado do lugar de passividade, para um lugar de agente de sua própria cura, sendo sua subjetividade legitimada durante este processo.
E com sua história, Nise nos deixa este presente, esta descoberta da arte como um caminho de cura, de aprofundamento, um caminho que amplia as possibilidades de relacionamento do ser com o mundo externo e consigo mesmo. Com a arte, é possível dar liberdade àquilo que temos de mais precioso, o nosso mundo interno, nossas emoções e sentimentos.

“(...)sem a relação de médico para com o cliente não há cura alguma. O psiquiatra não costuma olhar para o seu cliente nos olhos, a cura exige olho no olho, a vontade de curar e a relação afetiva compartilhada.”(NISE DA SILVEIRA)
MÃE NEVADA- Irmãos Grimm
Viveu outrora, muito longe daqui, uma viúva que tinha duas
filhas . Uma
delas, sua filha legítima, era uma grande preguiçosa. A
outra, ao contrário, era muito
trabalhadeira. Enquanto a primeira era mimada pela mãe, a
enteada era a gata
burralheira da casa. Era ela quem fazia tudo. Como se não
bastasse, ia todos os
dias sentar-se com seu fuso na beira de um poço da estrada,
onde ficava horas
fiando. Seus dedos até sangravam.
Numa dessas vezes, quis lavar o fuso manchado de sangue nas
águas do
poço, e aconteceu que ele escapou de suas mãos e desapareceu
na água. Ela
voltou chorando para casa e contou à madrasta o que havia
acontecido. A madrasta
ficou furiosa, passou-lhe uma descompostura e a tal ponto
foi desumana, que lhe
disse aos gritos:
Ah!... Então deixou o
fuso cair no poço? Pois vá buscá-lo, sua
desastrada!
A pobre moça voltou para o poço sem saber o que fazer. Tão
desesperada estava que, numa tentativa para recuperar o
fuso, atirou-se na água e
perdeu os sentidos.
Quando voltou a si, estava deitada na relva numa linda
campina
pontilhada de flores vicejando ao sol. Levantou-se e,
caminhando por ali, encontrou
um forno cheio de pães. Quando se aproximou, os pães
gritaram:
Tire-nos daqui!
Tire-nos daqui! Já estamos assados e não queremos
nos queimar!
Pegando uma pá de padeiro que havia ali, a moça tirou, um
por um, todos
os pães do forno. Depois, continuando a andar, passou por
uma macieira
carregadinha de maçãs.
Sacuda-me!
Sacuda-me! pediu a árvore. Meus frutos estão
maduros e pesam demais!
A moça sacudiu-a com força e as maçãs choveram. Quando não
ficou
uma só no pé, amontoou-as no chão e se afastou. Finalmente
chegou a uma
casinha e viu uma velha espiando-a. Era muito feia e tinha
uns dentes enormes. A
moça fugiu assustada, mas a velha chamou-a:
Menina, volte aqui!
Por que está assim tão assustada? Fique comigo!
Se me ajudar na arrumação da casa, e fizer tudo direitinho,
vamos nos dar muito
bem. Só tem que se preocupar é com minha cama. Quero que
sacuda bem o
colchão até as penas voarem. Quando elas voam, neva na
Terra. Eu sou a Mãe
Nevada.
Sua voz era amistosa. A moça acalmou-se e concordou em ficar
a seu
serviço. Naquele mesmo dia começou a trabalhar, e tudo o que
fazia era com o
maior capricho e boa vontade. Todas as manhãs sacudia de tal
modo o colchão
da velha, que as penas voavam para todos os lados, como
flocos de neve. A Mãe
Nevada jamais a maltratava ou repreendia, e nunca lhe faltou
comida quentinha e
saborosa.
Assim, viveu feliz por algum tempo, até que um dia começou a
sentir
saudades. A princípio, não sabia do que, mas logo descobriu
que eram saudades de
sua casa. E, embora vivesse muito melhor ali do que na casa
da madrasta, desejou
voltar. Uma tarde disse à velha:
Senhora Mãe Nevada,
estou com saudades de casa. Apesar de estar
tão bem aqui, e lá só encontrar sofrimento, mesmo assim,
desejo voltar.
Me agrada saber que
sente saudades dos seus disse a
velha. E
como me serviu tão bem e com tanta dedicação, eu mesma a
levarei para cima.
E, pegando a mão da moça, conduziu-a até uma porta enorme,
que se
abriu de repente.
Qual não foi a surpresa da mocinha quando, ao pisar a
soleira, uma
chuva de ouro caiu sobre ela, cobrindo-a toda de ouro!
É um presente meu.
Você o merece por ser tão trabalhadeira e
atenciosa assim
dizendo, a Mãe Nevada entregou-lhe o fuso que caíra no poço e
fechou a porta.
A moça percebeu, então, que estava no seu mundo, não muito
longe de
casa. Dirigiu-se para lá e, mal entrou no pátio, um galo
empoleirado no poço cantou:
Quiquiriqui!
Olhem quem chegou!
Nossa mocinha de ouro
Que vale mais que um tesouro!
A madrasta e a filha apareceram na porta. A moça foi ao
encontro delas
e, como estava coberta de ouro, foi muito bem recebida.
Contou-lhe sua aventura no
fundo do poço e, quando a madrasta soube como ela conseguira
todo aquele ouro,
quis que a filha tentasse a sorte de igual maneira.
Assim, levando o fuso, ela foi obrigada a fiar sentada no
poço.
Evidentemente, não iria ficar hora fiando.
Para andar mais depressa, ela picou o dedo com um espinho,
jogou o
fuso manchado de sangue no poço, e se atirou atrás dele.
Então, assim como aconteceu com a irmã, encontrou-se na
colina e foi
caminhando pela mesma trilha percorrida pela outra. Quando
se aproximou do forno,
os pães gritaram:
Tire-nos daqui!
Tire-nos daqui! Já estamos assados e não queremos
nos queimar!
Imagine se eu vou me
sujar de farinha! respondeu a moça sem
se
deter. Mais adiante, encontrou a macieira, que lhe pediu:
Sacuda-me! Sacuda-me!
Meus frutos estão maduros e pesam demais!
Acha que vou querer
que eles caiam na minha cabeça?
respondeu a
moça continuando a andar.
Enfim, chegou à casa da Mãe Nevada. Sem se assustar com a
aparência
da velha, pois já fora avisada da sua feiúra e dos seus
dentes enormes, aceitou
prontamente a proposta que lhe fez.
No primeiro dia, trabalhou direitinho e se esforçou
bastante, pensando no
ouro que iria ganhar. No segundo dia, já deixou transparecer
a sua preguiça,
fazendo tudo mal feito. No terceiro dia, acordou tarde, não
arrumou a cama da velha
do jeito que ela queria, e poucas penas voaram.
A Mãe Nevada acabou se aborrecendo e despidiu-a. E, assim
como fez
com a irmã, levou-a até a enorme porta e abriu-a. A moça
parou na soleira,
esperando a chuva de ouro, mas em vez disso, um caldeirão de
piche virou sobre
ela. Foi assim, lambuzada de piche, que ela voltou para
casa. Ao vê-la chegar, o
galo empoleirado no poço cantou:
Quiquiriqui!
Olhem quem chegou!
Nossa garota imunda
Mas suja do que nunca!
O piche custou tanto para sair de sua pele, que durante
muitos meses ela
não pode sair de casa.
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domingo, 14 de junho de 2015
quinta-feira, 11 de junho de 2015
Infância
"Em nossos sonhos de volta à infância, nos poemas que todos gostaríamos de escrever para dar nova vida, outra vez aos devaneios originais, para nos devolver o universo da felicidade, a infância aparece no próprio estilo da psicologia profunda como um verdadeiro arquétipo, o arquétipo da simples felicidade. É por certo uma imagem em nós, um centro para imagens que atrai imagens felizes e repele as experiências de infelicidade. Mas essa imagem, no seu princípio, não é completamente nossa; ela tem raízes mais profundas do que as nossas meras recordações. Nossa infância testemunha a infância do homem, do ser que é tocado pela glória de estar vivo". (in: BACHELARD, G. Devaneios sobre a infância, in: ABRAMS, J. (org). O reencontro da criança interior. São Paulo: Cultrix, 1990-p.53)
sexta-feira, 5 de junho de 2015
Psicoterapia Individual na abordagem Junguiana
Atender alguém é uma arte que requer muito estudo e prática. Não é uma tarefa simples, mas posso dizer que é deliciosa! Na clínica nos deparamos com diversas situações, mas segundo Jung, é apenas uma alma encontrando outra alma. Quero agradecer a todas as pessoas que já encontrei, que estou encontrando e que ainda vou encontrar no meu consultório. Obrigada por permitirem estarmos juntos no processo de auto-conhecimento e de libertação, porque cura-se é transformar-se, não em outra coisa, mas sim em si mesmo, é seguir os passos que seu eu interior dita para você, é estar em paz consigo mesmo, é libertar-se do que não é seu, do que você não é. Bem-vindo!
![]() | " Sua visão se tornará clara somente quando você olhar para dentro do seu coração. Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, acorda. " Carl Jung |
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